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08/07/2025Mesmo sem a presidência, grupo de Lula consolida força estratégica no PT do Espírito Santo

O resultado do Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores no Espírito Santo revela mais do que uma simples disputa interna: mostra a consolidação de forças, reposicionamentos estratégicos e o fortalecimento silencioso do
grupo ligado ao presidente Lula, mesmo diante de uma derrota formal na presidência estadual.
A vitória do deputado estadual João Coser sobre a deputada federal Jack Rocha — nome apoiado diretamente pelo campo lulista — foi um golpe simbólico. Coser, ao romper com a CNB (Construindo um Novo Brasil), grupo hegemônico e alinhado a Lula, articulou-se com setores divergentes, em especial com a deputada estadual Iriny Lopes, velha conhecida da oposição interna ao presidente nacional eleito do partido, Edinho Silva.

Dep. Federal Jack Rocha e Edinho Silva
No entanto, o desfecho da eleição aponta um paradoxo: embora tenha perdido a presidência estadual, o grupo de Lula saiu da disputa mais organizado e com forte presença na nova direção. Com 40% das cadeiras na executiva estadual, a CNB emerge como força coesa e nacionalmente articulada — algo que a frente vitoriosa local ainda não demonstra possuir.
Enquanto isso, Coser herda um passivo político significativo. Ao assumir a liderança com base em uma coligação ampla e fragmentada — que inclui nomes como o deputado Helder Salomão e o senador Fabiano Contarato —, terá que administrar interesses diversos e, ao mesmo tempo, manter distância da maior corrente partidária nacional. Isso o coloca em uma posição delicada: distante da base sindical e dos principais núcleos de militância organizados, tradicionalmente próximos ao grupo Construindo um Novo Brasil.
Outro ponto crítico será a acomodação interna. Como distribuir espaços e influências entre tantos grupos que apoiaram sua eleição sem romper alianças frágeis? E mais: até quando essa oposição ao lulismo será sustentável, em um momento em que o PT busca unidade nacional para sustentar a governabilidade do presidente Lula?
A médio prazo, o grupo de Lula sai mais forte. Sua derrota, ao contrário do que parece, pode funcionar como um fator de coesão e crescimento interno. Organizado, com respaldo nacional e articulação em sindicatos e movimentos sociais, o campo lulista tem agora a oportunidade de liderar a oposição interna com legitimidade e projeto.
Em resumo, o PED de 2025 no Espírito Santo produziu um vencedor formal, mas consagrou uma força política em ascensão. A CNB, mesmo fora da presidência estadual, ainda mostra força para influenciar internamente o PT capixaba.